Bebi as bebidas mais caras, tornei a viver do prazer de ser inconstante.
Sentei-me à mesa, abri o livro, na mão uma caneta, na cabeça um poema que vagava na imensidão e no vácuo de minha mente, escrevi baixinho coisas que nem eu imaginava que sairiam de minha velha e cansada memória.
Quanto mais escrevia, mais queria escrever e mais queria sentir aquela força que me impulsionava a escrever sobre nós, sobre a vida que outrora esquecida hoje era lembrada. Pulso, Pulso, gritava e se escondia. O medo às vezes nos faz ter uma súbita vontade de desistir, de não escrever, é estranho. Não pare, siga... O livro continuava aberto e eu ainda escrevia e deixava nele tudo que havia em mim, era ali que eu me esvaziava e deixava, por alguns minutos, o que realmente existia dentro de mim.
Fiz-me cego, para não ver os que com raiva desejavam a minha morte.
Fiz-me surdo, para não ouvir os que me condenavam.
Não pus ponto nem vírgula, mas senti de relance que deveria corrigir-me, essas coisas de escrita às vezes me faziam errar.
Tentaram ler, eu apaguei, rapidamente fechei o livro e corri o mais rápido que pude, ignorando qualquer sentimento alheio.
“Quanto alguém toca no seu verdadeiro eu, nunca se sabe qual será a sua verdadeira reação”
(CAMPOS, Lucas Valencio de)
Eu senti, Eu fui, Eu escrevi.
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